Como a inteligência artificial pode assistir pessoas com limitações?

Nos mais diferentes ramos de atividades, em áreas diversas como indústria, agronegócio, serviços, Educação, Saúde ou meio ambiente, a inteligência artificial (IA) vem sendo proposta como solução de desafios. Em artigo recente da Forbes, é dado destaque para um ramo em particular, o da tecnologia assistiva.

Tecnologia assistiva é um termo recente e é utilizado para qualquer recurso, produto ou serviço que melhora a vida de indivíduos com limitações físicas ou psíquicas, fornecendo ou aumentando habilidades funcionais que promovem mais autonomia e mais inclusão na vida social.

O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) do Ministério da Educação brasileiro conceitua tecnologia assistiva como “uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”.

No mundo, mais de 1 bilhão de pessoas confiam na tecnologia assistiva para melhorar sua qualidade de vida.

Estima-se que até 2050 a população maior de 60 anos de idade no mundo será de aproximadamente 2 bilhões de pessoas. Sendo ou não nós mesmas ou mesmos um deles, provavelmente cuidaremos de uma pessoa idosa no curso de nossas vidas, e a inteligência artificial poderá desempenhar forte papel nestes cuidados. Nos últimos 10 anos, os investimentos em IA no ramo da medicina chegaram a 8,5 bilhões de dólares em startups com proposta neste segmento.

Um exemplo são as intervenções cirúrgicas auxiliadas por máquinas usando a inteligência artificial. Tais intervenções, os cirurgiões assistidos por máquinas costumam deixar incisões menores, diminuindo a dor e cicatrizes gerais, levando a tempos e reduzindo o período de recuperação. Outro exemplo são os dispositivos médicos portáteis alimentados por IA, tais como os rastreadores de ciclo de fertilidade feminina, medidores de suor para controle da diabetes, oxímetros de pacientes com limitações respiratórias. Além disso, os dados extraídos de alguns desses dispositivos fornecem informações para que os profissionais de saúde utilizem ações preventivas, assim como melhorem os métodos de recuperação dos pacientes que passaram por procedimentos hospitalares.

Outro ramo em que a tecnologia assistiva pode atuar é o da mobilidade. Um exemplo é o CaBot, um robô de navegação para pessoas portadoras de deficiência visual, desenvolvido por Chieko Asakawa, professor da universidade americana Carnegie Mellon. O CaBot usa informações de um sensor para ajudar a evitar obstáculos em aeroportos, alertar sobre lojas próximas e auxiliar em ações necessárias, como ficar em filas.

No Brasil, 17,3 milhões de pessoas acima de 2 anos de idade têm algum tipo de deficiência, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde-2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quase metade desse número (49,4%) é de idosos. Uma em cada quatro pessoas acima de 60 anos possui algum tipo de deficiência.

Algumas startups brasileiras desenvolvem ideias inovadoras para tecnologia assistiva. A Praecanto oferece a plataforma online Trukah, para cuidados orientados a idosos e outras pessoas com necessidades especiais, aplicando Inteligência Artificial, Internet das Coisas (conhecida pela sigla IoT, do inglês “Internet of Things”) e computação em nuvem. Os serviços da Trukah incluem o monitoramento remoto via IoT, com detecção automática de eventos como quedas, convulsões e desmaios, além de comunicação integrada entre familiares e profissionais para compartilhamento controlado de agendas de medicamentos.

Para assegurar confiabilidade, a inteligência artificial usada nas tecnologias assistivas deve confiar em conjuntos de dados precisos e diversos, gerados e analisados por equipes de profissionais experientes, com perfil multidisciplinar. Tais tecnologias, usando uma IA pautada pela ética, podem transformar ainda mais a vida de milhões de pessoas.

Artigo escrito por Daniela Freire

Trukah

Referências

Gonzalez, W., Forbes Business Council, & Gonzalez, W. (2021, 09 21). Three Ways AI Is Improving Assistive Technology. Forbes. Acessado em: 08/10/2021

https://www.forbes.com/sites/forbesbusinesscouncil/2021/09/21/three-ways-ai-is-improving-assistive-technology/?sh=3ebc8344419d

Sartoretto, M. L. L., & Bersch, R. (n.d.). Assistiva: Tecnologia e Educação. O que é Tecnologia Assistiva? Acessado em: 08/10/2021

https://www.assistiva.com.br/tassistiva.html